UM PERCURSO PELO BARROCO ARCUENSE

Fig.1 – Alunos da turma do 11ºD – Agrupamento de Escolas de Valdevez.

Projeto de Cidadania e Desenvolvimento

Os alunos do 11º ano, turma D, do curso científico-humanístico de línguas e humanidades, realizaram nos passados dias 29 e 30 de abril uma visita a duas das mais emblemáticas igrejas de Arcos de Valdevez, no âmbito do projeto de Cidadania e Desenvolvimento, cujo tema este ano letivo é a “Valorização do Património Arquitetónico”. Acompanhados pela diretora de turma Paula Afonso, pela professora Inês Ferraz e guiados pela historiadora Lúcia Afonso, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer com maior profundidade e admirar algumas das mais belas preciosidades representativas do Barroco arcuense.

No primeiro dia, os alunos visitaram a Igreja do Espírito Santo, mandada construir pela Confraria do Espírito Santo no ano de 1647, tendo sido concluída em 1681. O monumento foi alvo de diversas renovações ao longo dos séculos, cuja última intervenção ocorreu recentemente, sendo-lhe atribuída a função de Centro Interpretativo do Barroco. Esta Confraria, uma das mais antigas da vila, conferiu à Igreja o estilo maneirista, cuja existência foi predominante entre o Renascimento e o Barroco, tendo, contudo, sofrido diversas alterações estilísticas ao longo dos séculos.

 

Fig. 2 – Púlpito
Fig. 3 – Anjo tocheiro

Os púlpitos, um dos elementos com mais destaque, situados a meio da nave central, apresentam uma talha de transição entre o Barroco nacional e o Joanino. O seu destaque é o topo quebra voz, caracterizado pela sua elegância e harmonia, onde sobressai, sustentado por três anjos que rodeiam, o arcanjo São Miguel. Os anjos tocheiros, que se localizam junto ao altar-mor, são figuras de grandes dimensões, esculpidos em madeira e ao gosto do barroco joanino

Fig. 4 – Lavatório

A sacristia está decorada com quatro elementos principais, o azulejo, o arcaz e o conjunto escultório do Pentecostes, o cadeiral do Cabido e, por fim, o lavatório. Destes elementos, os azulejos mereceram a atenção especial do grupo de alunos, uma vez que estas relíquias são semelhantes aos têxteis da época cujo padrão tem formas entrelaçadas e ordenadas com folhas de acanto. Uma curiosidade sobre a sacristia é que se localiza numa freguesia diferente do resto da Igreja.

Fig. 5 – Igreja de São Bento.

No dia seguinte, os alunos visitaram a Igreja de São Bento, que se situa no antigo convento franciscano, fundado em 1677. Anexada à mesma, em 1836, situa-se o cemitério público. Na fachada do edifício, encontram-se em dois nichos, acima do portal gradeado, as imagens de Santo António e São Bento, o padroeiro.

Passando o portal, os alunos deparam com a galilé, a entrada da Igreja, revestida por azulejos de figura avulsa. Quanto ao interior da Igreja, destacam-se o majestoso órgão, as colunas do altar-mor e os diversos altares. O órgão, de grande dimensão, é extremamente trabalhado e considera-se que terá sido bastante dispendioso para a época.

Fig. 6 – Órgão da igreja de São Bento

Saliente-se que as colunas salomónicas do altar-mor conservam ainda talha original em barroco nacional, sustentando um novo arco sobre o camarim de características neoclássicas. Por sua vez, os altares, tanto o mor como os colaterais, são minuciosamente trabalhados em talha dourada.

Fig. 7 – O altar-mor da igreja de São Bento

Os altares colaterais conservam ainda, cada um, uma figura religiosa numa vitrine.

Como se pode observar pela sua beleza e singularidade, existem motivos mais do que suficientes para fazer uma visita a estas duas igrejas magníficas em bom estado de conservação.

 

Fig. 8 – Altar lateral da igreja São Bento
Fig. 9 – Altar lateral da igreja de São Bento
Fig. 10 – Vitrine representativa da paixão de Cristo

Por conseguinte, os alunos recomendam vivamente a sua visita, pois estes monumentos ilustram na sua perfeição a Arte Barroca em Portugal. Este tipo de edifícios religiosos, que se pode observar no nosso quotidiano, adquiriu, segundo o seu entendimento, um significado maior depois da visita realizada. Para tal, esta iniciativa em muito terá contribuído certamente o esforço dos docentes envolvidos no projeto, orientada pelas explicações preciosas da historiadora Lúcia Afonso sobre o nosso património cultural e religioso. Numa época marcada por alguma instabilidade e dispersão, cada vez mais é imperioso dar a conhecer aos nossos alunos a riqueza e diversidade do nosso património, no sentido de o valorizar para compreender melhor a sua importância, não só contexto do projeto de Cidadania e Desenvolvimento, mas também no âmbito da formação pessoal.

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